Pular para o conteúdo principal

Machismo: Para 58,5%, comportamento feminino influencia estupros, diz pesquisa




Felipe Matoso - G1 (BRASÍLIA) Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo, mostra que 58,5% dos entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". Segundo o levantamento, 37,9% discordam totalmente (30,3%) ou parcialmente (7,6%) da afirmação – 3,6% se dizem neutros em relação à questão. O estudo também demonstra que 65,1% concordam inteiramente (42,7%) ou parcialmente (22,4%) com a frase "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", enquanto 24% discordam totalmente, 8,4% discordam parcialmente e 2,5% se declaram neutros. A pesquisa ouviu 3.810 pessoas entre maio e junho do ano passado em 212 cidades. Do total de entrevistados, 66,5% são mulheres. A assessoria do Ipea não informou qual o percentual de homens e de mulheres que opinaram especificamente em relação à questão do comportamento feminino. No documento sobre a pesquisa, intitulado "Tolerância social à violência contra as mulheres", que também avaliou opiniões sobre violência e homossexualidade, o órgão afirma que "por trás da afirmação [referente ao estupro], está a noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais". Na avaliação do instituto, a violência "parece surgir" a partir dessa ideia. Os entrevistados foram questionados com base em afirmações pré-formuladas pelo instituto, com as quais diziam se concordavam totalmente ou parcialmente, se discordavam totalmente ou parcialmente ou se tinham uma posição de neutralidade em relação ao assunto. Veja abaixo algumas das principais afirmações sobre violência contra a mulher formuladas pelo Ipea para a pesquisa e os resultados das respostas: "Homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia" 78,1% concordam totalmente 13,3% concordam parcialmente 5% discordam totalmente 2% discordam parcialmente 1,6% se dizem neutros em relação à afirmação "Dá para entender que um homem que cresceu em uma família violenta agrida sua mulher" 18,1% concordam totalmente 15,8% concordam parcialmente 54,4% discordam totalmente 9,3% discordam parcialmente 2,4% se dizem neutros em relação à afirmação "A questão da violência contra as mulheres recebe mais importância do que merece" 10,5% concordam totalmente 11,9% concordam parcialmente 56,9% discordam totalmente 16,2% discordam parcialmente 4,5% se dizem neutros em relação à afirmação "Casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família" 33,3% concordam totalmente 29,7% concordam parcialmente 25,2% discordam totalmente 9,3% discordam parcialmente 2,5% se dizem neutros em relação à afirmação "Quando há violência, os casais devem se separar" 61,7% concordam totalmente 23,3% concordam parcialmente 8,8% discordam totalmente 3,8% discordam parcialmente 2,4% se dizem neutros em relação à afirmação "A mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não prejudicar os filhos" 7% concordam totalmente 8,5% concordam parcialmente 69,8% discordam totalmente 12,3% discordam parcialmente 2,4% se dizem neutros em relação à afirmação. "Um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher" 3,9% concordam totalmente 4,9% concordam parcialmente 76,4% discordam totalmente 12,8% discordam parcialmente 2% se dizem neutros em relação à afirmação "A mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo quando não tem vontade" 14% concordam totalmente 13,2% concordam parcialmente 54% discordam totalmente 11,3% discordam parcialmente 7% se dizem neutros em relação à afirmação "Tem mulher que é pra casar, tem mulher que é pra cama" 34,6% concordam totalmente 20,3% concordam parcialmente 26,4% discordam totalmente 8,9% discordam parcialmente 9,5% se dizem neutros em relação à afirmação Para os pesquisadores do Ipea, as respostas revelam que "constitui importante desafio reduzir os casos de violência contra as mulheres. (...) Uma das formas de se alcançar a diminuição deste fenômeno, além da garantia de punição para os agressores, é a educação. Transformar a cultura machista que permite que mulheres sejam mortas por romperem relacionamentos amorosos, ou que sejam espancadas por não satisfazerem seus maridos ou simplesmente por trabalharem fora de casa é o maior desafio atualmente". A pesquisa também formulou frases para averiguar a opinião dos entrevistados em relação à homossexualidade. Veja abaixo: "Casais de pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos dos outros casais" 31,6% concordam totalmente 18,5% concordam parcialmente 32,6% discordam totalmente 7,9% discordam parcialmente 9,4% se dizem neutros em relação à afirmação "Casamento de homem com homem ou de mulher com mulher deve ser proibido" 38,8% concordam totalmente 12,9% concordam parcialmente 32,1% discordam totalmente 9% discordam parcialmente 7,2% se dizem neutros em relação à afirmação "Incomoda ver dois homens, ou duas mulheres, se beijando na boca em público" 44,9% concordam totalmente 14,3% concordam parcialmente 28,2% discordam totalmente 6,9% discordam parcialmente 5,7 se dizem neutros em relação à afirmação "Jovens (16 a 29 anos) apresentam tolerância maior à homossexualidade, e os idosos (60 anos ou mais) mostram-se mais intolerantes", avalia o Ipea. 'Radiografia’ dos estupros O Ipea divulgou também nesta quinta-feira (27) um levantamento com base em dados de 2011 do Ministério da Saúde sobre os casos de estupros no país. Intitulado “Estupros no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde”, o documento afirma que naquele ano 88,5% das vítimas eram do sexo feminino, mais da metade tinha menos de 13 anos, 46% não possuía ensino fundamental completo e em 70% dos casos as vítimas eram crianças e adolescentes. A pesquisa aponta ainda que os principais responsáveis por estupros de crianças foram amigos ou conhecidos (32,2%) e pais ou padrastos (24,1%). De acordo com o levantamento, os adolescentes foram vítimas de estupro, principalmente, de desconhecidos (37,8%) e amigos ou conhecidos (28%). No caso de adultos que sofreram estupro em 2011, 60,5% foram vítimas de desconhecidos. “Estimamos que, a cada ano, no mínimo 527 mil pessoas são estupradas no Brasil. Desses casos, apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia. (...) Obviamente, sabemos que tal análise é condicional ao fato da vítima de estupro ter procurado os estabelecimentos públicos de saúde”, publicou o Ipea no estudo.


 Publicidade:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Morre sertanejo que fez dupla com Zezé di Camargo na década de 1970

Do G1- O cantor Deoclides José da Silva, 63 anos, conhecido no meio sertanejo goiano como Neilton, foi enterrado no Cemitério Jardim da Paz, em Aparecida de Goiânia, na quinta-feira (20). Ele morreu um dia antes, após um ataque cardíaco, no Instituto de Urologia Sírio Libanês, no Setor Aeroporto, em Goiânia. Pouco conhecido pelos mais jovens, Neilton foi o segundo parceiro de Zezé di Camargo, 50 anos, com quem formou a dupla Neilton e Mirosmar - o verdadeiro nome de Zezé é Mirosmar José de Camargo. Eles começaram a parceria depois da morte de Emival, da dupla Camargo e Camarguinho, irmão de Zezé, na década de 1970. Neilton era mineiro de Perdizes, mas vivia em Goiás há cerca de 40 anos. Ele teve quatros filhos, dois quando ainda era solteiro e outros dois quando se casou. Passou os últimos anos em Aparecida de Goiânia com a mulher e as duas filhas mais novas. Quando perguntada sobre a profissão do pai, uma das filhas do sertanejo, a advogada Janaine Borges da Cruz, 28 anos, é taxativ...

Sultão do Sertão - Matéria de jornal do Oeste ganha repercussão mundial - Aposentado tem mais de 50 filhos

A história do agricultor aposentado Luiz Costa de Oliveira, 90 anos, que teve 50 filhos com quatro mulheres, incluindo a cunhada e a própria sogra, divulgada pela primeira vez na edição de domingo 28 de agosto deste ano na capa do caderno Cidades do jornal GAZETA DO OESTE, repercutiu nacional e internacionalmente e continua chamando a atenção de empresas de comunicação de vários países como Inglaterra, Alemanha, Portugal e Colômbia. Os casos amorosos de Luiz Costa chamaram a atenção pela forma como aconteceram e todas as particularidades que envolvem esta família, mais que exótica, chega a fazer um misto de curiosidade, humor e espanto. Uma semana após a divulgação da matéria no jornal GAZETA DO OESTE, outros jornais do Rio Grande do Norte também publicaram a história. Depois foi a vez de um dos maiores portais de conteúdo da internet, o UOL, que também expôs o caso alcançando o índice de matéria mais lida do portal, assim como o portal G1, Diário de Pernambuco, além de outros jornais ...

Como surgiu o chiclete

Ninguém sabe ao certo quando o homem começou a mascar resinas extraídas de árvores, mas há registros históricos de que vários povos da Antiguidade, como os gregos, já tinham esse costume. O hábito também era comum no continente americano, antes mesmo da colonização européia. O látex do sapotizeiro - árvore que dá o sapoti - era usado como goma de mascar pelos maias e astecas, entre outras civilizações pré-colombianas. A essa resina os nativos davam o nome de chicle. A guloseima que conhecemos hoje surgiu no final do século 19. Mais precisamente em 1872, ano em que o inventor americano Thomas Adams fabricou o primeiro lote de chicletes em formato de bola e aromatizando as resinas naturais com extrato de alcaçuz. Nas décadas seguintes, ele abriu várias fábricas para atender a demanda crescente dos consumidores americanos pelo novo produto. Em meados do século 20, especialmente após a Segunda Guerra (1939-1945), as resinas naturais foram substituídas por substâncias sintetizadas a partir ...